quinta-feira, 31 de março de 2011

Paul Allen diz que Bill Gates o traiu quando estava doente

Bill Gates e Paul Allen, nos primórdios do império da Microsoft
Bill Gates e Paul Allen, nos primórdios do império da Microsoft

Depois do livro Idea Man: a Memoir, dificilmente a imagem de Bill Gates será a mesma. Paul Allen, o autor do livro que é também um pioneiro da informática e um dos fundadores da Microsoft, aproveitou a ocasião para ajustar contas com o passado e lançar farpas a Gates, que descreve como um abusador.
Um excerto do livro que acaba de ser publicado na Vanity Fair refere que Bill Gates terá tentado expulsar e reduzir a participação de Allen na Microsoft, numa altura em que se encontrava a recuperar de uma terapia contra um cancro.
No livro de memórias, Paul Allen remete os leitores para o 1968, ano em que conheceu Bill Gates na escola secundária de Lakeside. Allen recorda que os dois tinham algo em comum: ambos pertenciam à primeira leva de geeks da informática da história da humanidade e ambos tinham dificuldade em encaixar-se no estereotipo de jovens endinheirados que passavam o tempo livre a jogar ténis ou golfe.
Allen lembra ainda uma certa inclinação de Bill Gates para pensar em grande: aos 13 anos, o ex-timoneiro da Microsoft lia revistas de economia da primeira à última página e já tinha planos para criar uma empresa - um sonho que começou a materializar-se quando os dois sócios deixaram Lakeside para ingressar na Universidade de Havard.
Apesar das denúncias agora publicadas, Allen não regateia elogios a Bill Gates: "Ele era realmente inteligente. E era realmente competitivo; e fazia questão de mostrar quão inteligente era. E era mesmo, mesmo persistente".
Foi já com a Microsoft constituída, que a relação de Allen e Gates azedou. Depois de ter visto Gates reduzir a sua participação de 50% para 36%, Allen insurgiu-se, sem sucesso, contra o prémio de contratação de Steve Ballmer, o atual líder da Microsoft, que mal entrou na companhia passou a deter uma participação de 8,75%.
Em 1982, Allen adoece com um linfoma de Hodgkin e é obrigado a meter baixa médica.
Segundo o ex-sócio da Microsoft, a dupla Gates-Ballmer terá tentado múltiplos estratagemas para diminuir a participação de Allen, durante a sua recuperação. Farto da quezília, Allen bate com a porta, aceitando vender a sua participação a 10 dólares por cada ação.
Apesar de ter vendido as ações a valores bastante inferiores dos atuais (25 dólares cada ação), Paul Allen é hoje um dos homens mais ricos do planeta, com uma fortuna que poderá ultrapassar os 13 mil milhões de dólares (cerca de 9,1 mil milhões de euros).
Instado a comentar as memórias de Paul Allen, Bill Gates preferiu realçar, em declarações publicadas pelo Wall Street Journal, o papel assumido pelo ex-sócio: "Apesar das memórias que tenho de muitos desses acontecimentos serem diferentes das do Paul, continuo a valorizar a sua amizade e os contributos importantes que teve para o mundo das tecnologias e para a Microsoft".

Sem comentários:

Enviar um comentário